18 de junho de 2025
Brasil

Ex-jogadores, ex-presidente de clube e árbitro estão entre os presos por manipulação de jogos

Operação Jogada Marcada

A Arbitragem da Propina movimentou cerca de R$ 11 milhões em apostas fraudulentas

Provas incluem transferências, mensagens e ligações que indicam ação do grupo em várias regiões ( Foto Reprodução TV Anhanguera)

Seis pessoas foram presas durante a operação Jogada Marcada, realizada pela Polícia Civil de Goiás com o objetivo de interromper as atividades fraudulentas de uma organização criminosa especializada em manipular resultados de partidas de futebol. A ação aconteceu simultaneamente em seis estados e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão. Entre os detidos estão um árbitro ligado à Federação Paraibana de Futebol, dois aliciadores, dois ex-jogadores e um ex-presidente de clube.

As investigações, conduzidas pelo Grupo Antirroubo a Banco (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), começaram em 2023 após denúncia do presidente do Goianésia Esporte Clube, Marco Antônio Maia. Ele foi procurado por um aliciador que ofereceu até R$ 1 milhão para que o clube aceitasse manipular o resultado de partidas da Série D do Campeonato Brasileiro. Pela intermediação, Maia receberia R$ 300 mil.

Grupo da Arbitragem da Propina em aplicativos de mensagens

Segundo o delegado Eduardo Gomes, responsável pelo caso, os suspeitos utilizavam aplicativos de mensagens para coordenar as ações fraudulentas. Um dos grupos usados para articular os esquemas se chamava “Arbitragem da Propina”.

A quadrilha operava com uma estrutura definida em três núcleos: o financeiro, que fornecia os valores usados nos subornos; o intermediário, composto por aliciadores que abordavam clubes e atletas; e o executivo, formado por jogadores, técnicos e árbitros responsáveis por cumprir os resultados combinados em campo.

“As provas mostram transferências bancárias, trocas de mensagens e ligações que indicam a atuação do grupo em várias partes do país”, disse o delegado. Um dos clubes investigados é o Crato, do Ceará, que chegou a ser excluído de uma competição por derrotas consideradas suspeitas. Na época, a punição foi desportiva, mas agora o ex-presidente da equipe poderá responder criminalmente.

Esquema milionário de apostas fraudulentas

A Polícia Civil apurou que o grupo movimentou ao menos R$ 11 milhões em apostas esportivas manipuladas. Parte dos valores foi transferida diretamente para jogadores, incluindo um atleta brasileiro que atua atualmente fora do país. A investigação indica ainda que o jogador pode ter mantido contato com atletas da Série A e B do Campeonato Brasileiro, onde atuou anteriormente.

Em outro caso, os suspeitos perderam R$ 100 mil em uma aposta feita em uma liga equatoriana. Eles esperavam que o time manipulado perdesse por três gols de diferença, mas o resultado não saiu como o planejado.

O delegado ressaltou que a organização mirava clubes com pouca estrutura financeira, geralmente da Série B ou divisões inferiores dos campeonatos estaduais. “Essa vulnerabilidade tornava mais fácil o acesso a jogadores e dirigentes”, explicou.

Foram apreendidos celulares, anotações e documentos que agora serão cruzados com dados de plataformas de apostas e extratos bancários para confirmar quais partidas foram manipuladas. A investigação segue em andamento e um dos suspeitos ainda está foragido.

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