18 de junho de 2025
Economia

Powell sinaliza querer “mais progresso na inflação antes de novos cortes”

Autoridades do Fed agora projetam que farão apenas duas reduções de 0,25 ponto percentual nos juros até o final de 2025. O Federal Reserve reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira e sinalizou que diminuirá o ritmo de corte adicional dos custos dos empréstimos dada uma taxa de desemprego relativamente estável e a pouca melhora recente na inflação.

Isso representa 0,50 ponto percentual a menos na flexibilização da política monetária no próximo ano do que as autoridades previam em setembro, com as projeções de inflação do Fed para o primeiro ano do novo governo Trump saltando de 2,1% em suas projeções anteriores para 2,5% nas atuais — bem acima da meta de 2% do banco central.

“Deste ponto em diante, é apropriado avançar com cautela e buscar o progresso da inflação… a partir de agora, estamos em uma posição em que os riscos estão equilibrados”, disse o chair do Fed, Jerome Powell, em uma coletiva de imprensa após o final da reunião de política monetária de dois dias do banco central norte-americano. “Queremos ver mais progresso na inflação, para pensarmos em novos cortes”, afirmou.

Powell observou que o ritmo mais lento dos cortes projetados para o próximo ano refletia leituras de inflação mais altas em 2024.

O progresso mais lento da inflação, que não deve retornar à meta de 2% até 2027, se traduz em um ritmo mais lento de cortes nos custos de empréstimos e uma taxa terminal ligeiramente mais alta de 3,1%, também atingida em 2027, em comparação com a taxa terminal anterior de 2,9% estimada em setembro.

“Núcleo de inflação vai cair a 2,5% no próximo ano, o que é um progresso significativo”, sinalizou o mandatário.

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Autoridades do Fed também aumentaram sua estimativa da taxa de juros neutra de longo prazo para 3%.

A redução da taxa de referência da política monetária para a faixa de 4,25% a 4,50% teve a oposição da presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, que preferia manter a taxa de juros inalterada.

A taxa básica está agora 1 ponto percentual abaixo do pico atingido em setembro, quando as autoridades concluíram que a inflação estava voltando de forma confiável para a meta de 2% e que havia riscos para o mercado de trabalho de manter a política monetária muito apertada por muito tempo.

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No entanto, desde então, as principais medidas de inflação têm oscilado, enquanto o desemprego baixo e contínuo e o crescimento econômico mais forte do que o esperado têm provocado debates entre os formuladores de política monetária sobre se a política monetária está tão apertada quanto se pensava — uma discussão que se reflete no aumento constante da estimativa de longo prazo da taxa neutra no último ano, de 2,5% para 3,0%.

O Fed, que aumentou os juros de forma agressiva em 2022 e 2023 para combater um aumento na inflação, iniciou seu ciclo de flexibilização em setembro com um corte de 0,50 ponto percentual nos custos de empréstimos. No mês passado, a taxa básica foi reduzida em 0,25 ponto percentual.

As projeções trimestrais mais recentes do Fed são as primeiras desde a vitória do presidente eleito Donald Trump na eleição de 5 de novembro, que introduziu um novo nível de incerteza nas perspectivas econômicas devido às suas promessas de cortes de impostos, aumento de tarifas e repressão à imigração não autorizada — aspectos que alguns analistas consideram inflacionários.

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Trump só tomará posse em 20 de janeiro, e as autoridades do Fed disseram que não podem basear a política monetária em propostas de campanha que podem ou não ser executadas.

“O Comitê está discutindo como as tarifas (de Trump) podem guiar a inflação, temos pouca noção ainda de como lidar com isso”, citou Powell, mencionando que eventuais tarifas de Trump serão precificadas no momento adequado.

Ainda assim, é provável que a equipe do Fed tenha analisado diferentes cenários, e as projeções das autoridades mostram que o crescimento permanecerá acima do potencial de 2,1% no próximo ano, a inflação permanecerá acima da meta por mais dois anos e a taxa de desemprego não passará de 4,3%.

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