17 de junho de 2025
Brasil

PSB e Cidadania avançam em conversas para formar federação

(O Globo) As conversas para a formação de uma federação entre o PSB e o Cidadania têm avançado nos bastidores e podem resultar em um anúncio de aliança em julho deste ano. Os presidentes nacionais das siglas, Carlos Siqueira (PSB) e Comte Bittencourt (Cidadania), realizaram encontros recentes. Interlocutores de ambos os lados afirmam que a união é vista com bons olhos.

A expectativa é que o Cidadania aprove uma resolução interna ainda em junho, viabilizando a o anúncio da federação no mês seguinte. A aliança em si só pode ocorrer a partir de 2026, quando acaba o prazo legal da união com o PSDB. Em entrevista ao GLOBO, Comte Bittencourt destacou que o partido ainda está em fase de discussões internas, mas elogiou o PSB:

— O PSB é um partido do nosso campo político, próximo à nossa história, e é natural que atraia a simpatia dos nossos companheiros. Estive algumas vezes com Carlos Siqueira. Ainda há um processo em andamento, seguimos debatendo internamente, e até julho devemos definir como vamos construir esse cenário para 2026 e o pós-2026.

Apesar da aproximação, Bittencourt demonstrou certa cautela em relação ao novo arranjo. O Cidadania rompeu recentemente com o PSDB, com quem está federado desde 2022. Mesmo com o rompimento político, o vínculo legal será mantido até abril de 2026, como exige a legislação. Os tucanos caminham para uma fusão com o Podemos, modelo rejeitado pelo Cidadania.

— Ainda é um momento de muito debate. É preciso cautela, porque a primeira experiência não foi positiva, não houve liga política.

O PSB, por sua vez, passará por uma mudança de comando no final deste mês, durante o Congresso Nacional do partido. O único nome cotado para suceder Carlos Siqueira é o do prefeito de Recife, João Campos. Nesse contexto, a legenda pode passar por mudanças, incluindo a alteração de seu nome de Partido Socialista Brasileiro para Partido Social Brasileiro.

Ambos os partidos também têm mantido diálogos com outras siglas da centro-esquerda, como a Rede e o Solidariedade. Assim como o Cidadania, a Rede vem de uma federação com o PSOL que não alcançou os resultados esperados.

Nos últimos dois anos, os períodos eleitorais alimentaram as insatisfações de partidos que formaram federações em 2022. Ainda assim, há movimentações no mesmo sentido para 2026 — recentemente, União Brasil e PP formalizaram uma aliança.

Aprovada em 2021, a lei que permite federações partidárias exige que os partidos atuem juntos por pelo menos quatro anos, funcionando como uma só legenda. Os primeiros registros foram aprovados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2022.

Cenário de insatisfações

Apesar da proposta de estabilidade, as experiências federativas até aqui têm gerado frustrações. Outras alianças também enfrentam tensões e ameaçam rompimentos em 2026 — é o caso da federação formada por PT, PV e PCdoB, que registrou desavenças em ao menos cinco capitais nas eleições deste ano.

De modo geral, o PT avalia que a federação engessou suas alianças e teme que a manutenção do arranjo com PV e PCdoB dificulte futuras composições com partidos do Centrão. Internamente, cresce o entendimento de que é necessário ampliar alianças para enfrentar o bolsonarismo nas disputas pelo Senado e governos estaduais.

O PV, por sua vez, responsabiliza o PT pela perda de espaço. Em quatro anos, o partido viu seu número de prefeituras cair de 47 para 14 — uma redução de 70%. A vice-presidente nacional, Teresa Brito, acusou o PT de autoritarismo na montagem das chapas eleitorais.

Já o PCdoB, também integrante da federação, teve menos conflitos com o PT, mas houve divergências, como em Aracaju. A direção ainda não bateu o martelo, embora a tendência seja pela não renovação da federação.

Outra federação em crise é a que une PSOL e Rede. O conflito mais acirrado ocorreu em Recife, onde Túlio Gadêlha — único deputado federal eleito pela Rede na Bahia — desejava ser candidato a prefeito, mas foi preterido.

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